Abraço

Author: Inandra / Marcadores:



Imersa num mundo de vozes ocas e sem brio, as tuas palavras abraçam-me, acolhem-se em mim, envolvem-me e enfeitam-me com laços coloridos de ternura.
Tateio o carinho do teu olhar e, num ímpeto profundo, quero desfazer-me em ti.
Deslizo no manto envolvente das tuas mãos e cubro-me com a tua pele sedosa, que me desperta e abrilhanta em raios de sol da alvorada.
Nos meus anseios sentidos vejo-te ao meu redor, mergulhados neste universo único que criamos e que alimentamos em cada página de vida que escrevemos a dois.
Ressoam de nós os ecos deste imenso querer que, batendo nas paredes duras do mundo, se recolhem na dimensão onde existimos e que só a nós pertence...O Amor!

F.S

Primeiros Socorros

Author: Inandra / Marcadores:



Passei e vi uns olhos molhados, num choro sentido pelo roçar da pele macia do joelho, que sangrava, na aspereza das pedras do chão. No caminho para o curativo urgente, reparei naquelas outras grandes e vivas janelas, secas de amargura, num rosto fechado de sorrisos, um corpo encolhido contra o muro, numa renúncia(?!)...ou procura(?!) do afecto sempre recusado, da aprovação procurada e perdida nos silêncios (...ou nos gritos). Transferi a imagem da agressividade de gestos já presenciados para aquela figura tão frágil e carente e interroguei-me se não seriam reflexo apenas daquele enorme vazio que me afrontava naquele olhar mudo. Impossível de esquecer, a imagem fez-me tomar consciência do muito que necessitamos na nossa caixa de primeiros socorros interior, tantas vezes esquecida e quantas vezes mais necessária e útil do que a outra, cheia da parafrenália habitual, mas que se limita a sarar feridas visíveis:

- Uns olhos bem abertos, para vermos nos outros as qualidades que eles têm e quantas vezes escondem e os mudos e gritantes apelos que nos fazem.

- Um elástico, para nos relembrar do quanto é necessária a flexibilidade. Poucas vezes coisas e pessoas são como gostaríamos que fossem. Aceitar os outros tal como são é um exercício diário que devemos fazer.

- Penso rápido de carinho, para ajudar a curar as feridas que não se vêem, quer em nós, quer nos outros...essas que não saram com desinfetante ou um qualquer cicatrizante.

- Lápis, para registar diariamente tudo o que de bom acontece e tanto que sempre podemos fazer mais e deixamos para trás.

- Borracha, para nos lembrarmos que todos cometemos erros e que o mais importante é, reconhecendo-os, não esquecermos que há sempre uma oportunidade para os corrigir.

- Pastilha elástica, que nos recorda de ficarmos sempre "colados" nas pessoas que são verdadeiramente importantes para nós e que o dia a dia por vezes nos faz esquecer.

- Bombom- um beijo,um carinho, um abraço são necessidades diárias de todos.

- E finalmente, uma saqueta de chá, para no final do dia descansarmos, relaxarmos e refletirmos sobre o que ainda poderá faltar no nosso "kit de primeiros socorros".


Não me lembro o autor

Nós

Author: Inandra / Marcadores:

Nós
Pediste-me para nos escrever, mas nos momentos em que as mãos falam e a
junção das peles respira a completa simbiose dos sentidos, fogem-me todos
os significados e emudeço neste pleno diálogo de tato e sabor. Muito para além das palavras, solta-se um riso feliz do silêncio murmurante
dos corpos no urgente e total desvendar de segredos só nossos, que nos
toma e conduz numa dança em rodopios onde cada volteio retrata o êxtase
da erupção dos rios que correm de nós. Passeias-te na minha pele, envolves-me na doçura dos teus lábios,
desvendas-me a cada movimento dos teus dedos e tomas-me completa,
enquanto eu me absorvo de ti e gravo cada instante e cada detalhe para nos
reviver a cada segundo que passa.Numa linguagem sem vocábulos que a consigam traduzir, envolve-nos
suavemente o manto da idílica pintura perfeita onde repousa o nosso
Universo de Sentir, num "Para Sempre" imenso de Amar e Querer.Os olhos em sintonia escrevem palavras que traduzo num "Amo-te"
profundo, sem limites ou condições.A infinita e absoluta certeza da união imensa que nos liga e da afinidade
que alcançámos revestem-nos de uma força imbatível, onde espaço, tempo,
geografia e qualquer obstáculo são meros pormenores que apenas nos
conseguem aproximar ainda mais. Sinto-nos plantas coladas, de raízes que
se misturam e se afundam, crescendo até ao ilimitado horizonte da
imensidão de Sentir.Envolvidas, sem contornos, misturadas em nós, perdemo-nos do mundo em
alegrias desenhadas nos sorrisos, nas respirações ofegantes que sussurram
aos ouvidos, nos aromas âmbar dos néctares de Amor. Descobres-me
sempre!...E na minha alma desenham-se figuras de noites frias de Inverno onde me
aqueço no teu abraço e te envolvo no conforto do calor do meu corpo, numa
aconchegante morada de ternuras e afeto, povoada de todos os ontens e
dos amanhãs que ainda iremos viver.
F.S

Carta

Author: Inandra / Marcadores:


Meu amor
Não sei o que mais hei de dizer ou se há ainda alguma coisa por dizer. Sei apenas que as palavras me parecem sempre "curtas" e parcas de significado para traduzir tudo o que sinto, tanto que sinto.Tantas vezes já falei-te de tão curtas que são as horas, por muito que se prolonguem, e de tanto que as queria ver estendidas num infinito de dias...que mesmo assim seriam sempre insuficientes para o Tudo que existe! Acho que deveria inventar um relógio em que os ponteiros parassem nos momentos em que, indiscutivelmente felizes, juntas estamos e nos oferecemos, e que assim aprisionasse o tempo até à eternidade.Já contei-te também este apertado entrelaçar das almas e corpos unidos que sempre nos envolve numa macia abóboda de veludo, e quantas lágrimas o meu coração derrama a cada despedida, mesmo que momentânea.Muitas linhas já escrevi sobre esta enormidade de Sentir que nos liga e que nem cabe no universo e o quanto tenho vontade de me agarrar a ti e, como elos ligados de uma mesma cadeia, unidas prosseguirmos esta jornada para Sempre.Já cantei-te a luz brilhante do sol, o reflexo prateado do luar, o tremeluzir irrequieto das estrelas, os aromas e sabores desconhecidos como que vestiste o meu corpo nú de Vida.Sussurrei-te mil segredos, espalhei a minha alma em ti e jamais me canso de te Amar, num desfrutar intenso de cada póro da tua pele, de cada gesto, de cada toque perfeito do teu corpo no meu.Descobriste-me e desvendas-me a todo instante, num nunca acabar de beijos, carinhos e quereres que se querem sempre mais.Já pintei para ti uma tela primaveril onde todas as estações se misturam e empalidecem perante este Renascer inteiro e puro, que me ofertas sempre que me arrepias a pele e me transformas numa quente lareira acesa que te acolhe e alimenta, nesta mistura de mãos e abraços, gemidos e gargalhadas em que nos perdemos, num suave flutuar nas ondas de prazer que nos damos.Já gritei a plenos pulmões o quanto te quero e o insignificante vazio em que a minha vida se tornaria sem ti....Por tudo isto e até que seja inventado um novo dicionário em que constem os sinônimos desta total imensidão, limito-me resumir numa única e simples palavra:
AMO-TE!

F.S


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