Meu Cenário

Author: Inandra / Marcadores:


Meu Cenário

No pátio, a dança de um perfume antigo.
Do céu, o riso de tantas estrelas!
Passeio devagar por alamedas de pedra,
a digna calma dos corações envelhecidos...

Mas tuas mãos descuidadas despertam o piano,
seu canto de punhais ansiosos.

E, no fim da peça,
descansas teus dedos entre minhas ruínas.


Karine Peixoto



Abraço

Author: Inandra / Marcadores:



Imersa num mundo de vozes ocas e sem brio, as tuas palavras abraçam-me, acolhem-se em mim, envolvem-me e enfeitam-me com laços coloridos de ternura.
Tateio o carinho do teu olhar e, num ímpeto profundo, quero desfazer-me em ti.
Deslizo no manto envolvente das tuas mãos e cubro-me com a tua pele sedosa, que me desperta e abrilhanta em raios de sol da alvorada.
Nos meus anseios sentidos vejo-te ao meu redor, mergulhados neste universo único que criamos e que alimentamos em cada página de vida que escrevemos a dois.
Ressoam de nós os ecos deste imenso querer que, batendo nas paredes duras do mundo, se recolhem na dimensão onde existimos e que só a nós pertence...O Amor!

F.S

Primeiros Socorros

Author: Inandra / Marcadores:



Passei e vi uns olhos molhados, num choro sentido pelo roçar da pele macia do joelho, que sangrava, na aspereza das pedras do chão. No caminho para o curativo urgente, reparei naquelas outras grandes e vivas janelas, secas de amargura, num rosto fechado de sorrisos, um corpo encolhido contra o muro, numa renúncia(?!)...ou procura(?!) do afecto sempre recusado, da aprovação procurada e perdida nos silêncios (...ou nos gritos). Transferi a imagem da agressividade de gestos já presenciados para aquela figura tão frágil e carente e interroguei-me se não seriam reflexo apenas daquele enorme vazio que me afrontava naquele olhar mudo. Impossível de esquecer, a imagem fez-me tomar consciência do muito que necessitamos na nossa caixa de primeiros socorros interior, tantas vezes esquecida e quantas vezes mais necessária e útil do que a outra, cheia da parafrenália habitual, mas que se limita a sarar feridas visíveis:

- Uns olhos bem abertos, para vermos nos outros as qualidades que eles têm e quantas vezes escondem e os mudos e gritantes apelos que nos fazem.

- Um elástico, para nos relembrar do quanto é necessária a flexibilidade. Poucas vezes coisas e pessoas são como gostaríamos que fossem. Aceitar os outros tal como são é um exercício diário que devemos fazer.

- Penso rápido de carinho, para ajudar a curar as feridas que não se vêem, quer em nós, quer nos outros...essas que não saram com desinfetante ou um qualquer cicatrizante.

- Lápis, para registar diariamente tudo o que de bom acontece e tanto que sempre podemos fazer mais e deixamos para trás.

- Borracha, para nos lembrarmos que todos cometemos erros e que o mais importante é, reconhecendo-os, não esquecermos que há sempre uma oportunidade para os corrigir.

- Pastilha elástica, que nos recorda de ficarmos sempre "colados" nas pessoas que são verdadeiramente importantes para nós e que o dia a dia por vezes nos faz esquecer.

- Bombom- um beijo,um carinho, um abraço são necessidades diárias de todos.

- E finalmente, uma saqueta de chá, para no final do dia descansarmos, relaxarmos e refletirmos sobre o que ainda poderá faltar no nosso "kit de primeiros socorros".


Não me lembro o autor

Nós

Author: Inandra / Marcadores:

Nós
Pediste-me para nos escrever, mas nos momentos em que as mãos falam e a
junção das peles respira a completa simbiose dos sentidos, fogem-me todos
os significados e emudeço neste pleno diálogo de tato e sabor. Muito para além das palavras, solta-se um riso feliz do silêncio murmurante
dos corpos no urgente e total desvendar de segredos só nossos, que nos
toma e conduz numa dança em rodopios onde cada volteio retrata o êxtase
da erupção dos rios que correm de nós. Passeias-te na minha pele, envolves-me na doçura dos teus lábios,
desvendas-me a cada movimento dos teus dedos e tomas-me completa,
enquanto eu me absorvo de ti e gravo cada instante e cada detalhe para nos
reviver a cada segundo que passa.Numa linguagem sem vocábulos que a consigam traduzir, envolve-nos
suavemente o manto da idílica pintura perfeita onde repousa o nosso
Universo de Sentir, num "Para Sempre" imenso de Amar e Querer.Os olhos em sintonia escrevem palavras que traduzo num "Amo-te"
profundo, sem limites ou condições.A infinita e absoluta certeza da união imensa que nos liga e da afinidade
que alcançámos revestem-nos de uma força imbatível, onde espaço, tempo,
geografia e qualquer obstáculo são meros pormenores que apenas nos
conseguem aproximar ainda mais. Sinto-nos plantas coladas, de raízes que
se misturam e se afundam, crescendo até ao ilimitado horizonte da
imensidão de Sentir.Envolvidas, sem contornos, misturadas em nós, perdemo-nos do mundo em
alegrias desenhadas nos sorrisos, nas respirações ofegantes que sussurram
aos ouvidos, nos aromas âmbar dos néctares de Amor. Descobres-me
sempre!...E na minha alma desenham-se figuras de noites frias de Inverno onde me
aqueço no teu abraço e te envolvo no conforto do calor do meu corpo, numa
aconchegante morada de ternuras e afeto, povoada de todos os ontens e
dos amanhãs que ainda iremos viver.
F.S

Carta

Author: Inandra / Marcadores:


Meu amor
Não sei o que mais hei de dizer ou se há ainda alguma coisa por dizer. Sei apenas que as palavras me parecem sempre "curtas" e parcas de significado para traduzir tudo o que sinto, tanto que sinto.Tantas vezes já falei-te de tão curtas que são as horas, por muito que se prolonguem, e de tanto que as queria ver estendidas num infinito de dias...que mesmo assim seriam sempre insuficientes para o Tudo que existe! Acho que deveria inventar um relógio em que os ponteiros parassem nos momentos em que, indiscutivelmente felizes, juntas estamos e nos oferecemos, e que assim aprisionasse o tempo até à eternidade.Já contei-te também este apertado entrelaçar das almas e corpos unidos que sempre nos envolve numa macia abóboda de veludo, e quantas lágrimas o meu coração derrama a cada despedida, mesmo que momentânea.Muitas linhas já escrevi sobre esta enormidade de Sentir que nos liga e que nem cabe no universo e o quanto tenho vontade de me agarrar a ti e, como elos ligados de uma mesma cadeia, unidas prosseguirmos esta jornada para Sempre.Já cantei-te a luz brilhante do sol, o reflexo prateado do luar, o tremeluzir irrequieto das estrelas, os aromas e sabores desconhecidos como que vestiste o meu corpo nú de Vida.Sussurrei-te mil segredos, espalhei a minha alma em ti e jamais me canso de te Amar, num desfrutar intenso de cada póro da tua pele, de cada gesto, de cada toque perfeito do teu corpo no meu.Descobriste-me e desvendas-me a todo instante, num nunca acabar de beijos, carinhos e quereres que se querem sempre mais.Já pintei para ti uma tela primaveril onde todas as estações se misturam e empalidecem perante este Renascer inteiro e puro, que me ofertas sempre que me arrepias a pele e me transformas numa quente lareira acesa que te acolhe e alimenta, nesta mistura de mãos e abraços, gemidos e gargalhadas em que nos perdemos, num suave flutuar nas ondas de prazer que nos damos.Já gritei a plenos pulmões o quanto te quero e o insignificante vazio em que a minha vida se tornaria sem ti....Por tudo isto e até que seja inventado um novo dicionário em que constem os sinônimos desta total imensidão, limito-me resumir numa única e simples palavra:
AMO-TE!

F.S


Texto Última Mensagem

Author: Inandra / Marcadores:



Última Mensagem

Nunca quis alguém que morresse de amor por mim, mas que quisesse estar junto de mim, que quisesse me abraçar.
Nunca exigi que esse alguém me amasse como eu o amava, queria apenas que me amasse não importando a intensidade.
Nunca tive a pretensão de que todas as pessoas que gostei gostassem de mim. Nem que eu fizesse a falta que elas me faziam. A mim o que importava era saber que eu em algum momento na vida delas fui insubstituível e que esse momento se tornara inesquecível para elas.
Sempre tentei ter um sorriso estampado no meu rosto mesmo quando a situação não era muito alegre e que esse meu sorriso conseguisse transmitir alegria para os que estivessem ao meu redor.
Sempre desejei fechar os meus olhos e imaginar alguém e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensava em mim quando fechasse os olhos e que eu fazia falta quando não estava por perto.
Queria ter tido a certeza de que apesar de minhas renúncias, loucuras, defeitos e erros esse alguém me visse como um ser humano completo.
Nunca quis lutar com o mundo, mas se tivesse sido necessário eu teria forças suficientes para mostrar ao mundo que o amor existe. Que ele é superior ao ódio e ao rancor.
Sempre tentei acreditar que mesmo eu falhando em um um dia no outro seria diferente se eu não desistisse dos meus sonhos e propósitos e que talvez eu obtivesse exito e seria plenamente feliz.
Uma certeza é de que eu nunca deixei a minha esperança ser travada por palavras pessimistas. Sempre pude dizer o que sentia, pude dizer a alguém o quanto era especial e importante pra mim sem ter tido preocupações com terceiros. Sem ter corrido o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Sempre desejei poder dizer a todas as pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena doar-se às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!



F.S

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